O ano de 2020 foi, indubitavelmente, um ano atípico. O início do ano nos faz efletir sobre os desafios que enfrentamos e, também, sobre novas maneiras de combatê-los. Embora a Covid-19 seja um tópico central do momento, outros problemas também merecem nossa atenção — e podem estar diretamente relacionados à pandemia. A ansiedade no trabalho é um deles.
Além de prejudicar a saúde mental da equipe como um todo, a ansiedade é um foco importante de gastos nas empresas. Controlá-la é, portanto, mais do que uma medida de saúde: é também uma estratégia econômica, que engloba a gestão de riscos e o departamento de Recursos Humanos (RH) das empresas.
Neste artigo, a Sharecare, empresa líder em inovação e digitalização da saúde, explica a importância do combate à ansiedade no trabalho e apresenta boas estratégias que podem ser empregadas nesse desafio.
O contexto da ansiedade durante a Covid-19
Atualmente, a saúde mental e a Covid-19 são temas indissociáveis. Por um lado, o agravamento da ansiedade pode aumentar os gastos em saúde e comprometer nossa produtividade — dois resultados que queremos afastar ao máximo durante a pandemia. Pelo outro, a infecção pelo coronavírus pode estar relacionada ao agravamento ou surgimento de quadros psiquiátricos, direta ou indiretamente.
Mesmo antes da Covid-19, a ansiedade no trabalho já era um tema que ganhava espaço nos holofotes. Em 2018, por exemplo, constatamos que a ansiedade crescia cerca de 2 vezes mais rápido do que outras doenças. Além disso, funcionários com transtornos mentais faziam 6 vezes mais visitas ao pronto-atendimento do que a população em geral. Esses dados levaram a ansiedade ao topo das prioridades das empresas.
Por esse motivo, a pandemia pela Covid-19 foi considerada um fator agravante sobreposto a uma situação que já despertava preocupações. Em junho de 2020, uma pesquisa da Willis Towers Watson evidenciou que 61% dos funcionários relatavam um aumento de ansiedade com a pandemia. Esse número sobe para alarmantes 92% quando analisamos apenas os empregadores.
Nesse contexto, o combate à ansiedade se torna outro desafio, paralelo ao combate à Covid-19. Controlar os estressores no trabalho pode ser uma estratégia a curto, médio e longo prazo — e trazer resultados tanto na gestão em saúde quanto na produtividade geral da equipe.
A relação entre estafa mental e ansiedade no trabalho
Existem diversos fatores, presentes na pandemia, que explicam o aumento no nível de estresse: a incerteza, o medo de demissão e a redução nas possibilidades de lazer são exemplos claros, que afetam diretamente a saúde mental. Eles são considerados, no entanto, fatores não-modificáveis, intrínsecos à pandemia, para os quais há pouco a se fazer.
Existe um fator, no entanto, que está ao alcance das empresas: a estafa mental. É inevitável que as circunstâncias exigem uma redução nos gastos e a manutenção da produtividade — o que pode levar, inevitavelmente, à sobrecarga dos funcionários da empresa. Esta é considerada, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um dos principais fatores de risco para a saúde mental no trabalho.
Por esse motivo, o controle da estafa mental pode ser um dos principais focos de combate à ansiedade no trabalho. Estratégias cotidianas, como a flexibilização de horários e o feedback contínuo dos funcionários, pode trazer bons frutos à redução do estresse.
Além disso, podemos controlar fatores que contribuem para aumentar o estresse: a lista da OMS também coloca, por exemplo, as falhas de comunicação e a falta de clareza nas atribuições como fatores de risco para a ansiedade no trabalho.
O papel do RH no combate ao estresse
Contornar a ansiedade no trabalho é uma tarefa multidisciplinar, que envolve várias áreas da empresa. Destacamos como a gestão de saúde deve se preocupar com o estresse, devido ao seu impacto direto nos gastos em saúde e ao próprio crescimento da ansiedade; no entanto, outro grande setor envolvido no combate à ansiedade é o RH.
Afinal, como mencionamos, os atritos pessoais, a sobreposição de tarefas e as falhas na comunicação encabeçam os fatores de risco para a ansiedade no trabalho. Esses dados nos sinalizam que, na maior parte das vezes, é possível minimizar esses fatores investindo no diálogo e na organização.
Nesse sentido, o setor de RH se torna fundamental para atribuir com clareza e objetividade as tarefas de cada funcionário. Também é papel desse departamento a resolução de conflitos internos e o combate ao bullying dentro da empresa.
É fundamental que tais ações sejam vistas por uma perspectiva mais ampla do que apenas um investimento na autoestima do colaborador: afinal, elas também são consideradas medidas de saúde, e trazem implicações financeiras e produtivas à empresa.
Como manter a saúde e o bem-estar para a equipe: Confira três passos que podem ser seguidos para lidar com a ansiedade no trabalho.
Embora eles sejam especialmente importantes no período excepcional pelo qual estamos passando, podem também ser aplicados a outros momentos. Confira a seguir.
1. Realize um mapeamento da sua população
O primeiro passo para estabelecer uma estratégia eficaz no combate à ansiedade no trabalho é justamente conhecer o perfil de seus colaboradores. Dentre os dados que podem ser levantados estão a percepção do nível de estresse, possíveis causas para ele e a evolução desse nível ao longo do tempo.
Com esses dados, conseguimos identificar quais fatores podem estar causando um aumento no estresse da população; além disso, cruzando com outros dados do plano de saúde corporativo, podemos identificar se há a correlação do estresse e outras variáveis — como visitas ao pronto-atendimento ou a exacerbação de doenças crônicas.
2. Esclareça os caminhos e objetivos
Uma vez identificados os fatores que levam ao aumento do estresse, é preciso realizar um planejamento de controle desses fatores. Esse planejamento leva em conta, por exemplo, quais deles são modificáveis e o custo-benefício da implementação de novas medidas.
É preciso ter em mente, também, os objetivos principais da intervenção. Redução na percepção subjetiva de estresse laboral e nas agudizações de quadros psiquiátricos são exemplos de métricas que podem ser observadas. Com isso, você conseguirá, longitudinalmente, verificar se suas intervenções foram eficazes no combate à ansiedade no trabalho.
3. Garanta apoio profissional
Dada a complexidade do tema, é natural que o desafio pareça ser maior do que ele realmente é. Mensurar os níveis de ansiedade, correlacioná-los com outros dados e elaborar estratégias de intervenção eficazes são tarefas complexas, que envolvem várias áreas da empresa. Felizmente, temos décadas de estudos e metodologias consolidadas que podem ajudar nesse trabalho.
Fonte: Sharecare